sexta-feira, fevereiro 25, 2005

Outra folha do Diário



Tenho o isqueiro na mão. Acendo ou não acendo o cigarro que tremulamente seguro entre os dedos...eis a questão... se fumar este cigarro quebro o que prometi a mim própria. Se não o fumar deixarei de ter o prazer de apertar com força o isqueiro que tenho na mão. E restando apenas o isqueiro, porquê não fumar? Se deixar de fumar deixa de existir razão de apertar o isqueiro na mão e deixando de o ter na mão, cessará o último elo que me ligava aos cigarros.

E é tão belo este isqueiro! E tão valioso... nem mesmo o isqueiro de ouro que meu pai me havia dado teve tanto valor...

Como nos agarramos a coisas tão simples... como tem um significado tão incomensurável um simples isqueiro... e como é tão reconfortante tê-lo fechado na mão...

Sinto-me desfalecer. Sinto que todas as forças me abandonam como se estivesse prestes a partir... não fora a força que este isqueiro me está a transmitir, possivelmente neste momento estaria transformada em mais uma página de saudade... para que junta a outras saudades, deixasse que as saudades que este isqueiro me está a oferecer, fossem apenas saudade de quem tenho de me esquecer...

Não resisto! É mais forte do que eu. A chama que brilha é a eterna presença do que não existe, mas que persiste na memória de um até sempre...


19H40

Silêncio e lágrimas.......

Silenciosamente descaíram os ponteiros do relógio tocando em simultâneo as doze horas......... Meia Noite! Mas o silêncio é sepulcral. Não há insectos, nem aves nocturnas, não ladram cães.......nem carros passam. Está frio. Um frio tão forte que faz doer os dedos quando tocam as teclas para bater em mais uma letra.

Dói a alma, se é que temos alma... Dói sobretudo o todo imaterial que temos, porque sofrer faz doer.

E o que é sofrer? Não é mais nem menos o que nos rodeia e ao que não nos ajustamos. Ao que não aceitamos, mas que não podemos recusar.

Porquê há desentendimentos, quando tudo poderia ser tão belo.......

Para quê ter de chorar quando é tão delicioso rir....... Se ao menos houvesse sinceridade entre as pessoas que nos rodeiam. Se nunca nos tivessem de “enxotar” como correndo com os galináceos para a capoeira, se as pessoas se amassem mais um pouco, talvez não andássemos a morrer às parcelas no dia a dia....

Mas fazer sentir a doçura de sentimentos, tentar transmitir carinhos e compreender os que nos rodeiam, é tarefa impossível. São calhaus que nos caiem em cima, sem dó e desrespeitando a pureza dos nossos sentimentos. Só a inveja comanda e o desespero dos que são como são sem que se possa ser igual. Penso que só com ódio se pode sobreviver. Ninguém ama ninguém.......

Neste silêncio em que nem o som do pensamento marca presença, nem as lágrimas que deixo rolar pela face deixam ruídos, nada fará mudar meu estado de alma: Que venham escritos, fotos ou alaridos, nada, mas nada será igual. Foi cometido mais um hediondo crime contra a doçura do ser humano. Marcou e jamais deixará de existir a cicatriz..... e já são tantas.......

Morri um pouco, mas sobrevivi para perdoar odiando.........


25.02.005

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Uma outra folha do meu Diário



A incapacidade de gerir toda a turbulência que me envolve deixa-me agonizante e perturbada. Sem rumo e indefesa trilho os caminhos da angustia e uma ansiedade generalizada abala toda a minha mente. Choro rios de lágrimas que não escorrem pelas faces porque creio não ser capaz de as derramar. No entanto choro. Estou a chorar perdidamente. Choro pela alegria dos vitoriosos, pela derrota de todos os que perderam e choro ainda por saudade de quem nunca poderá partilhar comigo todas estas angustias e ansiedades.

Choro por ler e não ler o que já era um hábito rotineiro, por me deixar embalada entre a saudade e o presente. Choro por tudo o que uma pessoa sente e deve sentir e lhe é vedado, por se resignar a fazer do seu corpo a caverna dos seus sentimentos. Choro pelo que sempre vibrei sem vibrar por ter e não ter o que qualquer mortal mais deseja.

Queria que tudo fosse belo e alegre e é triste e cinzento, devastador...

Queria deixar de sentir de uma vez por todas e sem deixar de ser eu, deixar de existir fisicamente, porque nem sei se alguma vez existi...

Na outra face do papel está um punhado de linhas por onde acabei de passar os olhos. Têm muito significado, dizem de tudo um pouco, mas foi-me vedado ver o muito mais que tanto ansiava. Fecharam-se as portas porque não houve compreensão para chegar à meta que havia estipulado para o entendimento e para a respeitabilidade exigida pelos sentimentos nobres que consolam o Homem. Perdi! Está perdido mas felizmente que sei perder, porque não houve um único dia da minha existência que não perdesse algo. E esse algo foi sempre marcante porque me havia sido precioso.

Se não fora a gota de vida que espera de mim o que ainda tenho para dar, acabava agora mesmo, sem um olhar, um adeus, ou um virar de cabeça para não levar qualquer recordação...

21.02.005

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

CAMINHADA

Neste passeio sem passeio,
pisando a terra molhada,
penso e repenso meu passeio
só, triste e revoltada!


As nuvens abraçam o arvoredo
despidas das folhas no inverno.
Os liquens, verdes, fantasmas,
ouvem todo o meu segredo...


Caminhando muito lentamente
pisando as folhas secas, caídas,
deixo as minhas ilusões perdidas...


As lágrimas rolam docemente,
são minhas dores sofridas,
talvez mais tarde esquecidas...


17.12.87
00H35

RETRATO

As palavras atropelam-se-me
como a água de uma cascata.
Queria escrevê-las a todas
mas faltam-me forças...
Sou um “robot”. Um monte de sucata,
sou um relógio velho
a quem a corda se partiu.
Sou e não sou uma mulher de lata.
O meu coração parou
quando o meu sonho ruiu
e de mim se foi
quem este peito amou........


As palavras amontoam-se
e o meu desespero aumenta
pois jamais serei quem sou!


Quer chova, quer brilhe o sol,
terei de viver duas vidas:
Uma, aquela que sou,
outra, aquela que fui...
E nas palavras a monte,
não conheço a real,
aquela que ainda vive,
aquela que não acaba
como a água de uma fonte,
para dar de beber a gentes
sedentas de tudo,
como também eu sou... ...

14.04.81

terça-feira, fevereiro 08, 2005

000_0387


000_0387
Originally uploaded by pollyannacowgirl.

ROSE

segunda-feira, fevereiro 07, 2005

ROSA!

Num gesto de ternura
as sépalas abriram-se de par em par.
Gaiatas, sorridentes,
coloridas e aveludadas,
as pétalas espreitaram.
Sentiram o perfume do ar.
Espreguiçaram-se com doçura
e quais crianças, contentes,
brincaram....

07.02.005

Mais uma folha solta do Diário que escrevi.....


Pensei, voltei a pensar e a repensar, embora ultimamente até o simples facto de pensar parece um vestígio de inconveniência. No entanto, fugi e atirada para este canto, com papel e caneta, cá estou. Há dentro de mim um grito continuo, que me parece seres tu chamando-me. Simultaneamente sinto-te mais longe. Diz o que posso fazer. Daria a minha vida para te ouvir dizer: ”Estou feliz!”

Quantas páginas escrevi... quantas frases deixei a meio... quantas lágrimas irão humedecer estas folhas de papel... e porque pensei, voltei a pensar e a repensar e deixo que as palavras morram na minha imaginação....


1967

FOR ME

I sent for the clowns
to make me laugh.
A smile is not enough
to whom suffers so much.


I sent for funny people
with their crazy jokes
to be happy in a circus
and to forget
and to forget more and more
laughing…


I sent for the clowns
to make me laugh,
to dry my tears
to forget my suffering
with a new paragraph…


To fall in love again
with someone else
in a crazy love
without suffering or pain.
So I sent for the clowns
to make me laugh
and not to be myself in vain…


Dez.88.05

sábado, fevereiro 05, 2005

CONTRARIEDADES

Impacientemente espero que os ponteiros do relógio dêem solenemente a volta, mostrando que passaram mais sessenta minutos....apenas sessenta minutos!

Madrugada fora, apreciando o movimento das estrelas, sem as contar (porque a minha avó dizia que não se podia contar as estrelas porque podíamos ir fazer-lhes companhia), espero que o dia desponte, porque seria a última coisa que desejaria, ir acompanhar as estrelas sem ao menos dizer um adeus de até sempre.

Mas tão lentamente vai passando mais esta hora, que impacientemente, começo a desesperar...

É noite de parodiar, porque é sexta-feira de Carnaval e para quem tenha uma nesga, que seja, de alegria, vai parodiar, vai divertir-se. É bom haver quem consiga divertir-se. É bom haver quem não tenha de afundar suas tristezas mergulhando os pensamentos na noite escura. Enfim, é bom que vá havendo gente que consegue não saber o que é triste ou que consegue esquecer a tristeza...

Além, aquela estrela que brilha mais, embora tão distante, parece querer dizer algo. Como me faz recordar...dizias que se uma estrela brilhasse mais e cintilasse com mais intensidade, eras tu repetindo ... amo-te....amo-te... nunca mais deixei de olhar as estrelas.........Que saudade! Quanto tempo passou e jamais ouvi tão melodioso som... “Petite fleur” ... comme je t’aime!........

Não é justo ! Não é justo não se ter o direito de escolher quando partir, para não se ter de sentir a revolta de não ter o que se deseja. Não é justo apenas poder olhar aquela estrela e não ouvir o que mais desejaria ouvir. Não é justo esperar sem nada para esperar... Que injusto é ter de viver com tanta contrariedade........

05.02.05

sexta-feira, fevereiro 04, 2005

FOU YOU


Uma nuvem cobriu meu Firmamento.
Escureceu o meu Mundo encantado.
Tudo ficou triste num momento.
Em vão, chamei-te para meu lado.


Meu grito de dor foi um lamento.
Sem éco, foi um grito só, isolado.
E na noite de breu, eu com o vento,
choro lágrimas de mágoa pelo meu fado.


Choro pelas saudades da saudade,
suspiro pela minha mentira-verdade
e queria o meu sonho embalar...


E neste Mundo, tão escuro de breu,
o sonho que tinha no peito era teu,
pássaro ferido: partiu para não voltar...




quinta-feira, fevereiro 03, 2005

CINCO ANOS DEPOIS

- Cinco anos... cinco longos anos... Como o tempo passa! – murmurou Nitush, ainda com os olhos fixos na folha do Diário que estava lendo. O seu diário. O diário que escrevera havia cinco anos. Havia-o começado precisamente a onze de Agosto de 1958.

Virou mais umas folhas e leu o que escrevera um ano depois. Um ano após aquele belo dia...
... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

“Ao escrever hoje, mais uma folha neste meu Diário, recordo com saudade a primeira vez que o fiz. Foi há um ano. Um ano... parece-me que foi ontem... e já passou um ano...
Recordo a excitação, a emoção em que eu estava, ao escrever-te meu Diário! Como foi bela aquela manhã de Agosto! Como quente e prometedor estava aquele dia de sol!...
Ainda oiço sua voz me murmurar baixinho, naquele tom que lhe é peculiar “Quer a minha fotografia?” ...”Malcriado!...” Repliquei ofendida. E finalmente, hoje, sinto-me feliz por tê-lo ouvido.
“Vou telefonar-lhe. Deve estar a jantar. Vai ficar encantado!...”
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

Como ficaria encantado! Se agora pudesse acreditar!... Tanta mentira, tanto sonho, tanta desilusão... – bocejava Nitush, enquanto uma lágrima teimosa lhe corria pela face e um soluço e estremeceu.

Folheou mais uma página do Diário e leu o que escrevera três anos após o primeiro encontro.
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“Meu bem, nesta folha do meu Diário, hoje, vou inserir além de alguns pensamentos, a ideia que tive de revelar nosso amor e nossos projectos a nossos pais. Não penses em adiar mais uma vez. Lembra-te que há três anos que caminhamos na sombra. Sejamos razoáveis. Porquê serás tu tão egoísta, meu Deus?!
“Quando um dia a nossa Tété nascer” – disseste tu – desejo que seja muito parecida contigo”. Mas, meu bem se soubesses que estou condenada a não ter filhos! Nada te direi. Deus há-de fazer o milagre! Tenho esperança... Nosso amor transporerá todas as muralhas e far-nos-à esquecer nossas mágoas.
Hoje, ao fazer mais um ano que nos conhecemos, lamento não ter possibilidade de te telefonar, mas outro dia o farei. Porém, se algum dia leres estas páginas saberás o porquê de o não ter feito. Estou doente...”
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

- Não o saberá jamais! – murmurava Nitush com as lágrimas nos olhos – tudo acabou! Este Diário, o meu Diário, única testemunha deste amor, que morreu, será queimado...

Levantou-se acendeu um cigarro. Preparava um whisky, deu dois passos na sala e voltou à escrivaninha onde o Diário de capa de cabedal e folhas douradas jazia. O Diário onde anotara seus pensamentos, seus desejos e suas desditas. Onde os seus mais íntimos assinaram.
Quem diria!... Ao fim de tanto tempo... Cinco anos!

Passou mais folhas. Uma, duas, três. Todas as que faltavam até ao último dia que escrevera. Releu o que já sabia quase de cor...
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“Ao escrever no dia de hoje, a página do meu Diário, revelo meu último pensamento, conjugado com os acontecimentos finais. Se nada se alterar, que fazer? Para quê te continuar a escrever, meu Diário? Se os sonhos morrem sem estarem realizados, se a esperança está perdida?

Há seis meses que te afastaste. Seis meses para fazerem cinco anos que nos conhecemos. Afastaste-te quando eu já esperava ser a tua esposa...

Com quanta ternura bordei as peças mais delicadas do enxoval, que iria testemunhar nossa felicidade!... Mas tudo acabou, creio. Para quê continuar? Lamento-te meu querido Diário. Mas vou queimar-te. Não quero que jamais alguém tome conhecimento dos meus fracassos. Ficarei eternamente noiva... A religião será meu refúgio. Lá a Deus pedirei por ti, que te perdoe o me teres mentido. Me teres abandonado. O teres assassinado meu sonho. Esquecerei o mundo, e ele de mim se esquecerá. Quando no claustro ler meu missal, e o éco dos meus passos escutar, não penses que olharei pensando que és tu. Nessa altura, mesmo que sejas, irás tarde demais... Adeus...
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-“Como me modifiquei!... Tudo foi um sonho mau. Outro amor encontrei...

Nitush fechou o Diário. Olhou-o de novo. Pegou-lhe e levou-o até ao fogão de sala onde ateara o lume. O ar quente fê-la recuar. Abriu a janela.

O fogo crepitava. Lançou-lhe o Diário. Viu as chamas acariciá-lo, envolvê-lo. Depois devorá-lo. Primeiro docemente, depois ferozmente. Viu-o enfim em cinzas. A chama apagou-se. A falta do seu brilho resplandecente fez Nitush voltar à realidade. Uma lágrima teimosa ainda lhe deslizou pela face pois aquele amor estava a deixar uma profunda cicatriz e uma dúvida sem tamanho, se algum dia o iria esquecer.

Num gesto peculiar Nitush viu as horas. “- já?!... como o tempo passa... cinco horas!... Vou chegar atrasada à modista... como é belo o meu vestido de noivado...

E enquanto se preparava para sair, Nitush idealizou a felicidade que gostaria de vir a sentir, para esquecer as desditas do passado ainda tão recente...

SUSPIRO !


A dor que a dor causa
traz tristes pensamentos
e nem uma breve pausa
nos faz esquecer os tormentos.


Em versos alexandrinos escrevi
tantas dores e frustrações,
mas não mostrei o que senti
nas minhas tristes desilusões...


As dores e os sofrimentos
em lágrimas transformados,
jamais as irei descrever


Em sonhos, esses momentos,
e os gritos a tempo calados,
esses, jamais poderei esquecer...

21.10.04

terça-feira, fevereiro 01, 2005

A PALAVRA VERDADE

Sentei-me em frente daquele tanquezito, no jardim ao fundo da Avenida.

Meditava.

De repente, meio surpreendida, dei comigo num discurso a meia voz, tentando fazer crer (não creio) senão a mim própria, quanto é desnecessária a palavra, quando dita sem ouvintes. Não. Quando os ouvintes estão lá, mas não ouvem. Então, vem-nos uma vontade desmedida de fazermos silêncio. Mas como o silêncio deixa ouvir o éco do nosso pensamento, continuei.

Lembrei-me então que, para transmitir, terei de continuar a falar. A minha palavra é a voz do chamamento. Tenho uma palavra a dizer: a Ti, a Todos!

Mas o ondear da água naquele tanquezito, onde boiava uma folha seca, fez-me alertar os sentidos e, pensamento em ti, eis-me retomada ao discurso. Eis-me a pegar de novo na palavra, que ligada a outra palavra, forma a frase que pode ser uma afirmação e/ou uma pergunta: É verdade! Uma pergunta: porquê a mentira?!

Aqui parei e olhei. Meditei noutros aspectos, para retomar a corrente do meu pensamento, que ainda activado por uma frase de Samuel Beckett “Toda a palavra é como uma desnecessária nódoa no silêncio e no nada”, me fez afluir à memória aquele dissertar sobre a mentira – a tua mentira – que sob a desculpa de não magoar, quase assassinava o meu espírito...

... Surgiu todo um ruir de sentimentos e de ilusões, deixou de ser verdade a verdade e o espectro fúnebre do mêdo da mentira passou a ser a veste comum que jamais despi...

Uma rajadazinha mais forte sobressaiu na aragem que acariciava os meus lábios e a água do tanquezito, à minha frente estremeceu. Vi-me retratada às ondas e veio-me à memória a acareação. Eis-me entre eles: a Verdade e a Mentira. Uma vez mais e tu e ela e ela e tu, onde a palavra foi realmente a desnecessária mácula que perdurou e que deixou nada. Deixou-te para mim...

-“Jura dizer toda a verdade e só a verdade?...” – Jamais havia pensado na profundidade de tal frase... Agora, que recordo a “recordação” daquele momento, em que no jardim ao fundo da avenida, frente a um lagozito, meditava, quase a meia voz, é que sinto quanto me é grata a frase “... jura dizer toda a verdade...”. Gosto da verdade. Sou pela verdade.

Se não fora já tão crescidinha, creio mesmo, que iria prometer, que ao meu redor só se diria toda a verdade, fosse em que circunstâncias fosse e fossem quais fossem as consequências.

Mas neste meu discurso directo, em que, sem outro fim que não seja o de chamar a atenção dos que pela mentira se separam, se afastam e se odeiam, não deixo também de recordar o Sermão de Santo António aos Peixes. Eis-me quase como o Santo, que em frente ao lago falou, sem ouvintes (apenas os peixes), em prol do Bem e da Verdade.

Se calarmos este dom, que é a fala, aí, deixamos perder qualquer oportunidade de transmitir, de estudar, de enfim, marcarmos o caminho que trilhamos, com o que de bom temos.

2005