sexta-feira, julho 22, 2005

QUADRAS SOLTAS AOS TEUS OLHOS


Certo dia ouvi gritar
Que havia uns olhos tão sós
Então não resisti, fui olhar,
Mas só vi dois noitibós…

Duas estrelas a cintilar
Com um brilho de candura,
São esses olhos a olhar,
Numa constante procura…

São dois grandes diamantes
Fixos. Sempre a brilhar.
Mesmo quando estão distantes,
Só há olhos para me olhar…

Noite e dia bem guardados,
Esses teus olhos tão brilhantes,
Quero-os nos meus bem gravados
Com brilho de diamantes.

Esses olhos, sempre a sorrir
Estão sempre presos aos meus
Parecem rosas a florir,
Ou dois sonhos que são teus…

Esses olhos no meu pensamento,
Passaram a ser a minha dor.
Dia e noite são meu tormento,
Mas são para sempre o meu amor!

1960

quinta-feira, julho 21, 2005

ANDA UM ESCRITOR FAMOSO A PASSEAR DE BLOG EM BLOG…


Era um escritor famoso. Quando alguém com ambições na escrita se aproximava com a intenção de lhe deixar um manuscrito para que o lesse e avaliasse, ele respondia: não, muito obrigado!
… … …

Mas porquê?
Nada se passa sem que um porquê esteja a servir de pano de fundo…

… … …

Pois bem, a Mariazinha, mulher de uns quarenta anos, anafada e de faces sempre ruborizadas, muito atarefada nas suas lides domésticas após o regresso do escritório, onde trabalhava como ajudante de contabilidade, apaixonou-se pelo jovem paquete do escritório e porque ele era mesmo mais jovem, não disse nada, mas foi escrevendo e reescrevendo textozitos e poesias que ia guardando no fundo da gaveta das cópias das facturas pró-forma…

O mocetão despediu-se alguns anos depois, porque entretanto era estagiário num escritório de advogados, onde ficaria posteriormente, depois de ter o “canudo” na mão… e a Mariazinha, com a gaveta atulhada de manuscritos, resolveu empacotá-los e levá-los para casa, para chorar a reler a desdita do seu amor frustrado…

Nas férias do ano seguinte, uma prima da Madeira, que vinha dos Estados Unidos para matar saudades da família, deu por acaso com o pacote dos escritos da Mariazinha e vai de lê-los de fio a pavio e achou que eram uma obra de arte escrita…

Desculpando-se pela bisbilhotice, foi dizendo à Mariazinha que deveria publicar tudo aquilo, pois era um dó não serem lidos textos tão românticos… dignos de um qualquer bom escritor…

Ora aqui o nosso amigo escritor entra na história.

Reginaldo, homem famoso pela escrita, de livros publicados e premiados, vivia na mesma rua, uns quarteirões abaixo e era cliente do mesmo talho que a Mariazinha. Era conhecido pelo filantropo e poucos já o haviam ouvido a falar, pois era homem de poucas palavras…Depois ainda ficou mais acabrunhado e sempre com um “não” pronto a sair da sua boca, sempre que via um qualquer papel estendido em sua direcção…

Pois em conversa de balcão, enquanto esperavam ser aviados, a Mariazinha meteu conversa com o afamado escritor, pedindo-lhe um grande favor. Primeiro, o solicito cavalheiro, foi todo atenções e foi dizendo que estava ao dispor para o que fosse necessário…mal sabia que eram os escritos da Mariazinha…

Passados dois dias, de pacote debaixo do braço, a nossa heroína foi ter com o escritor e deu-lhe a sua preciosidade…

O Reginaldo, no sossego da sua casa leu algumas folhas e ficou triste. Como haveria ele de dizer àquela mulher de rosto bonacheirão que o que escrevera apenas poderia dizer respeito a um tal Francisco? Mas, encheu-se de coragem e deixou no talho um recadinho, dizendo que a Dona Mariazinha deveria ir falar com ele no Café da esquina, ao fim da tarde.

Meu dito e meu feito. À hora combinada, ambos sentados em frente a uma mesa redonda do dito café e com o embrulho dos papéis entre as duas chávenas de descafeinado, trocaram algumas simples palavras. A Mariazinha de agradecimentos múltiplos e ele, muito embuchado, dizia que ela deveria continuar a escrever, melhorando sempre, para poder vir a ser publicada a sua obra…

Mariazinha, gorducha, bonacheirona e de faces ruborizadas, percebeu logo o que o escritor queria dizer e agradecendo sempre, levantou-se e foi para casa.

Quando Reginaldo voltou ao talho uns dias depois, para comprar o seu bifezinho picado, recebeu a notícia da morte trágica de Mariazinha… Foi um duro golpe!

Pois a verdade é que aquela mulher, que vivera sempre de sonhos irrealizáveis, não resistira a mais um e pusera termo à vida vazia e desiludida, com uma dose de comprimidos para dormir, que vinha tomando desde que o seu apaixonado saíra lá do escritório.

O Reginaldo, escritor afamado, que também escrevera durante décadas e que também havia escondido a sua obra, nunca lhe passara pela cabeça que ao entrar na ribalta, havia de causar tamanho desgosto em alguém… por isso, a partir dessa data, nunca mais aceitou opinar fosse sobre o que fosse, escrito fosse por quem fosse…

20.07.05
NOTA: Texto enviado para o concurso referido no título

segunda-feira, julho 18, 2005

TODOS OS DIAS, NÓS! (crónica)

As notícias afectam-nos e não tanto...

Ora por qualquer canal de televisão, ora por qualquer estação de rádio, pela Internet, através de mensagens escritas (provenientes das mais diversas fontes), pelos jornais…enfim, a cada momento temos um manancial de informações e de notícias, das mais diversas, muito embora, sejam as notícias de assaltos e roubos ou crimes passionais, as que mais nos afectam emocionalmente…

As notícias são geralmente muito diversificadas: entre crimes, acidentes, catástrofes da mais diversa ordem: económicas, sociais, culturais, etc.. É um nunca mais acabar de assuntos que nos prendem a atenção. Mas, honestamente, temos de reconhecer que momentos passados, tudo está ultrapassado, exceptuando, quando repetidas vezes vem à baila a mesma notícia, e conseguimos manter o tema em memória…ou, quando algo nos toca por perto, como por exemplo os aumentos de impostos e tudo o que em sequência aumenta…

Mas a maioria das notícias e informações que nos chegam, passam tão rapidamente, que mesmo que as queiramos recordar, não conseguimos reconstitui-las de forma nenhuma e ainda bem, porque se por um lado poderíamos até ter benefício em conservar certos temas, por outro, amontoávamos de tal maneira os nossos centros de registo, que mal poderíamos pensar em nós próprios. Não obstante, a verdade é que cada um de nós pensa mais em si próprio, do que em tudo o que o rodeia… sobretudo em quem nos rodeia…

É verdade! Se alguém nos procura com um determinado tipo de problema e se estiver ao nosso alcance apoiar o solicitante, desfazemo-nos em teorias para apoiar o dito, sem que contudo estejamos a fazer algo de palpável, mas passamos por excelentes pessoas…sem nada ter feito…mas casos há, que se faz mesmo tudo o que é possível, mas de imediato somos esquecidos, como se nada tivesse acontecido…e isto não são notícias de jornais, de rádio ou televisão… são factos do quotidiano…

Mas como o Mundo não pára, dias após, somos nós que estamos em qualquer uma “encrenca” e tentamo-nos socorrer de um dos apoiados anteriormente…e vai daí…ocupadíssimos! Problemas de saúde…de carteira…de família… e o “enfermo” do momento, fica a olhar para a costa, para ver algum navio passar… e é assim: todos os dias!

Não somos mal agradecidos. Apenas somos egoístas! Apenas somos egocêntricos…apenas temos umas costelas mais “grossas” de narcisismo e chamam-nos excêntricos…

Escrevendo sobre um tema como este e tentando abordar a notícia que hoje mais me tocou (a partida de 380 passageiros para o México – Cancun - de férias, possivelmente não todos, mas a notícia não fez distinção) e que está relacionada com a terrível tempestade Emile. Ventos fortíssimos a varrerem tudo por onde passam… mesmo assim, os turistas que lá se encontravam, à volta de uns quatrocentos portugueses (de férias), nada sofreram, pois houve medidas imediatas para serem postos em lugares seguros. Ora bem, ainda há muita gente a viajar de férias, o que é bom sinal. Assim podemos estar descansados que, pelo menos estes de quem tomámos conhecimento, têm capacidade económica para viajar e passar férias em “paraísos” onde esquecem as agruras do seu próprio “paraíso”.

Na minha opinião, tantos turistas, não precisavam ir tão longe… se fossem à Madeira, tinham um paraíso, e sem vento… só com palavrões, mas estavam em família e em família tudo se desculpa.

18.07.05

sábado, julho 16, 2005

CATÁSTROFE!



Entrei numa órbita errada! Ziguezagueei sem um rumo definido. Choquei com todos os meteoritos e desfiz-me em mil pedaços…

Esta é exactamente a forma como me sinto: mil pedaços! Mil pedaços de alma, mil pedaços de sonhos à deriva, num espaço sem fim…e infinitamente sós e sem capacidade de se ligarem…

Mil tormentos padeci para o meu pensamento levitar entre sonhos e ilusões e em mil pedaços desfiz todas as minhas fantasias…

Escrevi para o infinito, muitas palavras, carregadas de beleza e expectativas, criando os mais belos sonhos de amor… as mais desastrosas desilusões e fui ficando só, esvoaçando, primeiro lentamente, depois veloz. Entrei em órbita. Na órbita errada…

A madrugada elevou-se e eu, qual punhado de quarks desintegrados, apenas sou poeiras negras, em qualquer monte, depois de um incêndio…

A tua voz ora silenciosa, ora melodia, preenchem toda esta desintegração, teimando mantê-la viva, mas o tempo é implacável… e o desamor é desapiedado… e eu amando, sonhando, transformei-me em cinzas, em terras queimadas…


16.07.05

quinta-feira, julho 14, 2005

FOI PERDIDA!



São vinte e três e cinquenta e cinco. Deixei o tempo e o espaço para deixar de ser: para ser nada!

Deixei que vencesse o vazio. Deixei que as sombras do nada toldassem a minha não existência e foi num todo, uma devastadora agonia até chegar até este momento. Foi uma derradeira tentativa que fiz e falhou. E não sei mais nada e não serei mais nada… nem um raio de luar, nem sequer um rasgo de esperança…. Perdi-me com um nada que destruiu o que me restava: a ilusão.

Amante terno que me encheu de carinhos, beijos ardentes por todo o corpo, palavras bonitas, suspiros profundos, ais…uis…nem sei…. E num instante, como uma luz que se apaga, numa profunda escuridão, acordei só, sem mais ilusões, sem mais desejos, sem absolutamente mais nada…

Foi sonho ou mentira, nem quero saber… foi uma auto ilusão do que possivelmente idealizava… E sem nada, apenas ficou o nada… um punhados de ossos desfeitos entre pequenos pedaços de roupas carcomidas por uns quilos de terra, que consumiram todos os meus ideais…

E agora, com esse olhar lânguido, bocejando, impaciente, vens tentar repor o que perdeste…

Durante as nossas vidas perdemos oportunidades que nunca mais se repetem… Perdeste a tua, quando atravessaste o Tejo e deixaste que a terra te consumisse, deixando-me expectante e arraigada a uma tristeza sem fim…


14.07.05

sexta-feira, julho 08, 2005

U.I.T.I.





A camaradagem entre professores e alunos é bem patente nestas fotos.
Mais um ano lectivo que se encerra, proporcionando trocas de conhecimentos inesquecíveis, culminando com a amizade entre uns e outros.
Bem hajam todos os meus alunos pela força que me foram dando durante o ano e a imensa vontade de continuar.
07.07.05

quinta-feira, julho 07, 2005

U.I.T.I. – FECHO DO ANO LECTIVO



















Num almoço convívio, juntaram-se muitos alunos e alguns colaboradores e professores da Universidade Internacional para Terceira Idade.
Houve camaradagem, alegria e foi possível verificar a alta auto-estima que caracteriza o grupo.

Algumas fotos, que mostram o decorrer do almoço

quarta-feira, julho 06, 2005

ÓLEO SOBRE TELA - ESTA TARDE


... ... ...
Enquanto a tarde foi passando,
nos braços de um qualquer ser,
apenas desejava, enquanto pintando,
que fosse quem estava a perecer...