segunda-feira, novembro 28, 2005

DESDE SEMPRE


Desde sempre foi para ti a minha poesia.
Desde sempre, meus tempos te dediquei.
Desde sempre, quando escrevia, apenas dizia
Que todas as palavras eram do quanto te amei…


Desde sempre, desde que te amei, eu sabia…
Desde sempre soube que foi um mito que amei.
Desde sempre senti que era de amor que sofria
E sem calar, toda a minha entrega calei…


O teu esverdeado, quente e fugidio olhar
Que nunca foi mais do que um breve encantar,
Me apaixonou e entristeceu até ao pranto…


De não sei onde, hás-de sentir este amar,
Porque de longes, minha ternura vais recordar
Pois não creio que te tenham amado tanto…

26.11.05

TUDO TEM SOLUÇÃO…


Depois de ter estado uma boas semanas com invasão de vírus, bactérias, espiões e outras coisas mais no meu computador (mesmo tendo o dito com bom acompanhamento técnico), isto sem contar com a neurose aguda que arranjei, decidi não olhar para os lados e fui comprar outro… Claro que nem olhei, porque se olhasse teria de fazer contas e isso era mesmo muito mau… acabava aumentando o estado de angústia e a escrita desenfreada em papelinhos por tudo quanto é lado…choro despropositado, saudade da saudade… desejo do absurdo…enfim estava a entrar em completo desvairamento… Espero que tudo volte a estar sob controlo…

28.11.05

domingo, novembro 13, 2005

O LEILÃO


Uma sala grande, mesas e paredes a imitar um palco. Luzes a incidirem nos materiais a apresentar. Uma mesa corrida ao meio com três cadeiras onde se sentavam dois juízes de arte, ladeando o leiloeiro, aliás, de renome. Em pé, à esquerda da mesa, o pregoeiro.

O leilão começou!

As peças eram antigas, belas, bem cuidadas e até valiosas para um qualquer coleccionador interessado em aumentar o seu património artístico.

Um foco de luz arroxeada direccionado para a silhueta da estatueta colocada a um canto da mesa, fê-la sentir o centro das atenções, logo que todos os presentes se sentaram pela sala.

Ao fundo, numa das últimas cadeiras, aquele homem, nem jovem, nem velho, fitou a estatueta desde o primeiro minuto. Li-lhe o pensamento: “Vai ser minha e render bem!”…

De cada martelada, estremecia toda, cada vez mais arroxeada e estatueta, que, sem despregar os olhos do seu admirador e até se sentindo atraída por ele, admirava o seu nervosismo e impaciência para o momento do remate.

Foi estabelecendo-se uma conivência entre a estatueta e o presumível comprador. Horas! Horas de expectativa. Horas de angústia, partilhadas num diálogo surdo, mas delicioso.

Chegou o momento!

Num profundo silêncio, apenas se ouviu o pregoeiro anunciar a base de licitação da peça.

Era alto o meu valor!

O interessado aproximou-se. Pegou-me. Passou os dedos macios por todas as curvas, deixou que os dedos corressem pela face, torneou os lábios e exclamou: “Muito interessante! Até se pode chamar de bela!”

Tinha gozado as delícias de me tocar… tinha usufruído todos os prazeres de volúpia que lhe tinham ocorrido enquanto me admirava de longe… Tinha-lhe pertencido por escassos minutos… e voltou a poisar-me na mesa.

Estranho. Estranhíssimo foi o ter-me colocado de uma tal forma que, quando virou as costas para regressar ao seu lugar, despedacei-me no chão, em mil fragmentos…

O leilão foi interrompido. O silêncio sepulcral e a excessiva claridade, encheram a sala repentinamente e um dos elementos do júri, solícito, tentou reunir os pedacitos que se espalhavam pelo chão brilhante da sala.

Foram saindo, um a um, todos os presentes. À noite, aquando da limpeza da sala, ouvi alguém exclamar que estava um coração de porcelana debaixo de uma cadeira quase ao fundo da sala…

11.11.05

sexta-feira, novembro 11, 2005

APENAS UMA FOTO!


Uma espiral de sentimentos desenrola-se em mim.
Tempestade de palavras anónimas, desregradas,
Funcionando como mola, como travão: um sem-fim…
Baralhando minhas emoções e pulsões inventadas.


As tuas palavras ditas, as indizíveis para mim,
Não passam de fragmentos de frases empolgadas
Entre quereres, ódios, raivas e pétalas de rosa carmim…
Que dás, tiras, iludes, brincas em banais jogadas…


Cara sem cara, só olhos, num turbilhão de imagens
Fingindo, iludindo, dando colorido às mensagens
E quem és? O que és? Apenas alguém que amei…


Jogador sem trunfos. Ilusionista de fantasias,
Jogando cartadas de palavras agrestes e frias,
Banalizando a amizade e o amor que te dei….
09.11.05

quarta-feira, novembro 09, 2005

HOMBRE!



















La hora blanca de la alborada;
En una cualquier ciudad,
el hombre empezó su revolución.
El hombre quiere su verdad.
¿Que buscas con eso? amor?
¿Así haces revolución?
¿Que haces desnudado en la Plaza?
¿Decir que tus derechos tienen valor?…
No eres necesario sublevación…
No necesito que me convenzas...
Puedes tener un otro amor…

07.11.05

domingo, novembro 06, 2005

IMAGEM OUTONAL


Entre musgos e ramos secos, divinamente outonal
Deixei meus olhos perdidos no pensamento
E com os lábios expectantes num pulsar colossal
Esperarei por ti, toda sonho e encantamento…


Estática, como uma rocha granítica no areal,
Esqueci todas as dores e o imenso tormento
Que foi o não saber se seria para ti o ideal…
Ou fora apenas usada, para teu esquecimento.


Amar-te com tanta incerteza tem sido belo
Muito embora um desgaste, um flagelo,
Mas que me leva a amar incondicionalmente…


E ficarei assim, na expectativa constante
Até quando vieres dizer, todo vibrante,
Que sou para ti quem querias realmente…

06.11.05

sábado, novembro 05, 2005

UM POEMA DE ADEUS


Cansei-me desta solidão e vencida,
Vesti-me de negro e tão só, esperei.
Olhei sem olhar o caminho da partida,
Triste, em despedida, não mais te verei…


Meu amor traído e a ternura preterida…
Não recordarei mais o amor que te dei,
Nem imaginarei que seria a tua querida…
Uma única verdade: Só a ti eu amei…


De negro vestida, por ti vou morrer.
Cansei de uma vida de tanto sofrer…
Esperar em vão o que só foi ilusão…


E enquanto nos seus braços vais viver,
Eu triste, solitária, apenas vou morrer,
Por nunca teres entendido esta paixão…


03.11.05