sexta-feira, abril 20, 2007

CAMINHOS



Eu sou eu! Quem queria ser nunca o serei. Somos quem não queremos e a quem mais queremos, nunca nos quer…

Volatilizam-se os sonhos quando perdemos quem nunca esteve connosco. Desejamos impossíveis que nos impacientam e nos amolgam os sentires. As emoções esbatem-se e tornamo-nos em espuma de ondas batidas nos rochedos da falésia da mossa existência…

A estrada era longa. Estreita e escura. Pela estrada longa, estreita e escura nunca me cruzei com outro qualquer ser… e tu lá à frente viraste a curva, atravessaste a ponte e nem me olhaste, mas amei-te. Julgava não ser possível amar assim… só sentimento!

Os verdes, verde-escuro, que ladeiam a estrada percorrida, são tão escuros como a estrada em si e o fim do dia. A noite vai surgindo, confundindo a estrada, o arvoredo e eu… a minha noite também me vai envolvendo e eu breve serei noite e tão escura como toda a paisagem onde me envolvo…

Foste o ténue raio de sol que brilhou e fez brilhar os meus cabelos assemelhando-os a estrelas cadentes, num céu escurecido pelo anoitecer…

Enquanto caminhavas, antes da passagem da ponte, foste o raio de esperança que não encontrara antes, nem naqueles tempos em que ajoelhava ante um altar e esperava por uma réstia de esperança que teimava em esconder-se atrás dos espessos reposteiros ao fundo da capela, no Altar Mor…

Enquanto caminhavas, com cadência, apenas o rasto do teu cheiro me ia inspirando todo o amor que ia sentindo… (por quem nem pressentia as minhas passadas cá bem atrás…).

E ainda que não seja mais do que um sonho, amargura-me que ele se desfaça…


18.04.07

2 comentários:

Leonor C.. disse...

Sonhos são como bolas de sabão...

Diolindinha disse...

Querida vizinha, venha até cá. Talvez eu consiga fazê-la rir!

Beijinhos!