terça-feira, abril 25, 2006

María Zambrano El vaso de Atenas...


“La vida pide formas indefinidamente para colmarlas y salir luego de ellas, para seguir transitando, según es su esencia –agua que corre incesante. Y la forma se abre y luego se consume, según la ley de lo viviente: alzarse con la vida y abrasarse en ella como llama”

A vida pede-nos sempre formas e formas, numa mutação constante, a que chamamos as suas leis… ou a nossa autodestruição…

A música que ouvimos ontem, foi o som de um passado que sem o distinguirmos, se esfumou num breve pensamento que ao acasalar-se com outro, nos deixa miseráveis e frágeis como um vaso de cristal, muito antigo…

A forma abre-se e desabrocha num breve pestanejar, como as flores num campo bravio… e a água da nascente corre, corre e jamais é a mesma… como essa tua forma de amar… que sem ser é a crisálida feita borboleta a morrer de embriaguês, num qualquer candeeiro de uma rua solitária de uma cidade no infinito… e abraço essa forma e sou repudiada. E amo essa forma e perco-a num bocejo enfastiado, porque nada de nada tenho a ver com a forma que criaste para o teu sobreviver momentâneo…

E o mundo retém verdades que não são verdades, ilude os que pensam, que tudo vão tendo e nada têm, porque tudo é transitório excepto a miséria do dia que se esvai na solidão da incerteza…

A labareda envolve os troncos num lamber guloso, quando as florestas se incendeiam e eu não sou nenhum deles e ardo angustiada, por este fogo que me abraça e lentamente me vai consumindo até à destruição completa…

“Eu sou a chama! E sempre que olhares as labaredas a beijarem os madeiros, recordar-me-ás…” e assim sempre foi… até que outros incêndios me envolveram e deles, as cinzas hão-de ser apenas o que vai restar. O vento que a ulular deixará um cântico sinistro no ar, espalhará por toda a Terra as sobras de um grande amor…



25.04.06

1 comentário:

GNM disse...

É lindíssimo este texto!
A última frase é fantástica...

Bacci!