domingo, março 19, 2006
NOITE
Peguei num cigarro e olhei-o nos olhos e escutei atentamente as suas palavras mágicas: “Amo-te!”
Quem diria que tão hirto, pálido e frio me segredava o que mais queria ouvir?... Sem exigências, esperou que o apertasse entre os lábios e sugasse a sua magia…
Esperou em vão. Esperou em desespero, porque apenas o ouvi repetir vezes sem conta que me amava… enquanto eu apenas o olhava, cheia de dúvidas, numa inconstância de sentimentos…
Prometi não voltar a sentir o seu prazer, deliciando-me com outros prazeres, que no oculto da noite, entre chuva violenta, punham-me na mão o segredo de algo mais belo e profundo, que o amor de um simples cigarro…
E o meu segredo não falou e disse tudo. Não tive de o entrelaçar entre os dedos numa carícia temporária… mas ficou como o mel, colado nas minhas mãos, bebendo os meus sentidos e num rumo incerto pelo mar de estrelas que iam espreitando por entre as nuvens que num emaranhado de novelos escuros, faziam com que chovesse copiosamente…
E foi a noite entrando pela madrugada, suspirando de angústia, apaixonada, falando silêncios, como se fora um lindo diálogo de amantes… ou um simples monólogo dos que estão vagueando pela solidão entre os estreitos e escuros trilhos da noite escurecida pelas bátegas da chuva que vai caindo…
18.03.06
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