Tenho o isqueiro na mão. Acendo ou não acendo o cigarro que tremulamente seguro entre os dedos...eis a questão... se fumar este cigarro quebro o que prometi a mim própria. Se não o fumar deixarei de ter o prazer de apertar com força o isqueiro que tenho na mão. E restando apenas o isqueiro, porquê não fumar? Se deixar de fumar deixa de existir razão de apertar o isqueiro na mão e deixando de o ter na mão, cessará o último elo que me ligava aos cigarros.
E é tão belo este isqueiro! E tão valioso... nem mesmo o isqueiro de ouro que meu pai me havia dado teve tanto valor...
Como nos agarramos a coisas tão simples... como tem um significado tão incomensurável um simples isqueiro... e como é tão reconfortante tê-lo fechado na mão...
Sinto-me desfalecer. Sinto que todas as forças me abandonam como se estivesse prestes a partir... não fora a força que este isqueiro me está a transmitir, possivelmente neste momento estaria transformada em mais uma página de saudade... para que junta a outras saudades, deixasse que as saudades que este isqueiro me está a oferecer, fossem apenas saudade de quem tenho de me esquecer...
Não resisto! É mais forte do que eu. A chama que brilha é a eterna presença do que não existe, mas que persiste na memória de um até sempre...
19H40
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