A incapacidade de gerir toda a turbulência que me envolve deixa-me agonizante e perturbada. Sem rumo e indefesa trilho os caminhos da angustia e uma ansiedade generalizada abala toda a minha mente. Choro rios de lágrimas que não escorrem pelas faces porque creio não ser capaz de as derramar. No entanto choro. Estou a chorar perdidamente. Choro pela alegria dos vitoriosos, pela derrota de todos os que perderam e choro ainda por saudade de quem nunca poderá partilhar comigo todas estas angustias e ansiedades.
Choro por ler e não ler o que já era um hábito rotineiro, por me deixar embalada entre a saudade e o presente. Choro por tudo o que uma pessoa sente e deve sentir e lhe é vedado, por se resignar a fazer do seu corpo a caverna dos seus sentimentos. Choro pelo que sempre vibrei sem vibrar por ter e não ter o que qualquer mortal mais deseja.
Queria que tudo fosse belo e alegre e é triste e cinzento, devastador...
Queria deixar de sentir de uma vez por todas e sem deixar de ser eu, deixar de existir fisicamente, porque nem sei se alguma vez existi...
Na outra face do papel está um punhado de linhas por onde acabei de passar os olhos. Têm muito significado, dizem de tudo um pouco, mas foi-me vedado ver o muito mais que tanto ansiava. Fecharam-se as portas porque não houve compreensão para chegar à meta que havia estipulado para o entendimento e para a respeitabilidade exigida pelos sentimentos nobres que consolam o Homem. Perdi! Está perdido mas felizmente que sei perder, porque não houve um único dia da minha existência que não perdesse algo. E esse algo foi sempre marcante porque me havia sido precioso.
Se não fora a gota de vida que espera de mim o que ainda tenho para dar, acabava agora mesmo, sem um olhar, um adeus, ou um virar de cabeça para não levar qualquer recordação...
21.02.005
Sem comentários:
Enviar um comentário