A noite estava fria depois de um fim de tarde coberto por um nevoeiro espesso.
Desembarquei e com a pequena maleta ao ombro, procurei um taxi. Pedi para me levar ao hotel cuja morada havia apontado na última folha do caderno que sempre me acompanha.
Segundo a amiga que mo indicara, era um hotel simpático, meio luxo e discreto. Eu simpatizara com o nome, por isso ia confiante.
O taxi percorreu ruas e mais ruas. Num ora vira à esquerda ora à direita, finalmente cheguei. As burocracias da praxe e quando subi ao segundo piso, já tinha o meu plano traçado.
Duche. Uns bolinhos com chá e envolta no sonho e expectativa deite-me sobre a cama, com a televisão ligada e o rádio baixinho, para ouvir um programa de música dos anos sessenta, que todos os fins de semana passava na emissora X.
O verde acastanhado ou castanho esverdeado dos olhos exerciam um fascínio que me paralisava. Nem pestanejava enquanto sentia a massagem suave nas costas. Os lábios não muito grossos mas carnudos acariciavam as minhas pálpebras, a face e percorriam-me enquanto sucessivos arrepios me estremeciam.
A conversa foi longa. Vários temas, preocupações múltiplas e mútuas, numa tentativa de se dizer o mais que fosse possível no mais curto espaço de tempo, pois o tempo verdadeiro que ia restando, era o verdadeiro tempo de mais um par de horas, para depois voltarmos à rotina do dia a dia que nos esperaria domingo à noite.
Pelo princípio da madrugada o cansaço já dominava, mas não houve resistência para cairmos nos braços e nos amarmos. Aconteceu! Não programado. Tanto tempo depois de tantos anos de conversa sobre os mais variados temas e as mais diferentes preocupações.
Surpresa! Se amar assim, é que é amar, jamais vou desistir de querer amar de novo! Que palavras poderão existir para traduzir o êxtase, o vibrar interior, o relaxamento espiritual, o abandono delicioso....apenas um obrigado pelo momento mais excepcional de toda uma existência.......
O sussurrar cadenciado de “querida” durante o resto da noite foi
maravilhoso. A respiração ofegante pela manhã foi o hino de agradecimento à possibilidade de uma experiência única, depois de uma total desilusão do que sabia como “amar”....
Mas os momentos de fascinação são momentos e como momentos são momentos que o tempo não permite que se repitam, a fascinação esvaiu-se numa saudade que se juntou a outra saudade tão diferente e inigualável.
A amizade tem facetas estranhas, belas e por vezes surpreendentes que nos obrigam a um eterno OBRIGADO!
12.03.05
sábado, março 12, 2005
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