sábado, outubro 29, 2005

ESTA TARDE



Atrevidos, sorridentes, brilhantes, surgiram os primeiros raios de sol a meio desta tarde outonal, depois de umas chuvadas bem fortes…

E com a alma em alvoroço, deixo que os olhos passeiem pela paisagem, verdejante, do Monte Gordo, mesmo em frente da minha janela de trabalho.

É hoje! Coragem!

Sim, não vou perder outra oportunidade. Hoje tenho de dizer o que me vai na alma. Vou ganhar coragem e vou dizer o que sinto, o que penso e se tiver coragem de dizer tudo isto, direi o que espero…

Depois de muitas leituras, livros e livros aos montes ao redor da minha mesa de trabalho, apontamentos manuscritos entrelaçados com folhas e folhas, onde vou escrevendo textos e poesias, estão todos os resumos de Antropologia, Sociologia, Psicologia, Psicogerontologia…enfim! É hoje que vou decidir se farei ou não o trabalho sobre o tema que me apaixonou há uns anos e que, por inúmeras razões, tem estado em “standby”.

Mas na vida temos sempre de usar um “mas”. Um “mas” que condiciona tudo e todos os actos aos quais nos queiramos entregar. Uma limitação que ora é física ora psicológica e eu, nada de excepções à regra, balanceio-me ora entre uma outra, ora entre outra das limitações que me inibe qualquer vontade de progredir no meu trabalho, deixando de investigar, parando de escrever e apenas escrevinhar poemas ao acaso, ou escritos mórbidos, que deixam ver o meu estado interior… toda a minha insegurança, toda a minha fragilidade, toda a incerteza que me rege…

Trocando impressões com uma colega, chegámos à conclusão que amores inconsequentes deixaram mácula e nunca tiveram tratamento…e dizia ela com muita graça, que não há nada como um novo amor, para apagar a frustração de um amor não resolvido… mas isso será assim?... E quem me afirmará que não vivo mesmo esse tipo de situação? Se descobrisse…então o meu trabalho continuaria. Teria a quem o dedicar e quem sabe, a quem segredar doces palavras, dessas que andam por aí avulso, no que vou escrevendo, para colmatar lacunas…



28.10.05

1 comentário:

Anónimo disse...

Não sei que tarde é, apenas que é tarde, que choveu, que o tempo passou e que tudo foi tão bonito. Tal como tu, os meus olhos passeiam num alvoroço incomensurável. Falta-me coragem para dizer algo, para escrever das oportunidades que me vão na alma, apenas sei que isto que leio é profundo, é bastante bonito. Sim, diz o que te vai na alma, tal como eu o faço e faço-o sempre que posso. Quantos livros, quantos cadernos… o meu espaço está cheio, demasiadamente cheio e falta tanto para que eu me possa sentir feliz! Apenas te digo obrigado, um obrigado muito grande, enorme, sem limites. Tal como tu, faço os meus apontamentos, de Filosofia, de Psicologia e de outras disciplinas que compõem o meu dia-a-dia.
A vida é cheia de “mas” e de outras partículas, tudo com vontades reduzidas… balanceio-me entre regras, algumas que não aceito, outras que se esvanecem perdidamente em princípios que eu próprio não entendo. Esta tarde pensei bastante, tanto está por resolver, tanto que se pensa descobrir e foge. Não sei se um novo amor resolve algum problema, pelos vistos isso contigo funciona… os mecanismos do Ego funcionam bem dentro de ti, em mim anda tudo atrofiado e esta tarde pensei em tudo isso… já vim com isso das aulas de Psicologia que tive na manhã. Palavras que andam por ai, por muitos lados, lados que desconheço e que em ti tomam outro sentido.
Parabéns por maravilhoso trabalho… continua a escrever. Beijinhos