A passo cadenciado, fui caminhando pela vereda acima, ziguezagueando pelos pedregulhos que impediam um caminhar certinho. Lá em cima, as ruínas do castelo pareciam imagens fantasmagóricas recortadas no azul pálido do céu primaveril. Mais uns passos e chegaria, mesmo com um ventinho soprando contrário ao meu andar.
Por entre espaços que poderiam ter sido aposentos faustosos, fui pisando aqui e além, e, com a imaginação a criar quadros que poderiam ter sido reais, sentia-me quase a ser uma personagem daquele castelo que já não era mais do que um montão de ruínas…
Não resisti e sentei-me para observar aquela paisagem tão majestosa. Passei o olhar pelos montes e vales verdejantes, salpicados de telhados por entre o arvoredo. A paisagem vista do cimo do monte era realmente deslumbrante. As pedras cobertas de líquenes mais pareciam seres imaginários do tempo dos dinossauros.
Fechei os olhos por momentos para me sentir bem integrada naquele todo e meditando no que tudo me fazia recordar, na saudade que todas aquelas pedras murmuravam, no chilreio dos pássaros que esvoaçavam entre as árvores, nas palavras que jamais ouvira mas que sabia existirem. Nos gestos que possivelmente alguém poderia fazer, mas que eu jamais vira. Nas canções que me cantara, mas que possivelmente cantara a milhentas outras pessoas. Nas perguntas que me fazem mas que não sei dar resposta… porque não sei nada, nem nunca conseguirei saber um pouco do muito que desejava saber.
Não irei saber nunca como irá ser o depois. O meu depois esvoaçou como aquela andorinha que curvara além, na ameia mais alta, que por sinal se manteve séculos fora…
A única resposta que consegui obter, por experiência, foi a que consegui dar como sugestão… a do finalizar, quando já nada há para dar ou para receber…
04.04.05
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