sábado, abril 16, 2005

PÁGINA (?) DO DIÁRIO



Num momento se perde o que jamais se pensara ter … esvai-se o pensamento por entre a fumarada de uma queimada e enquanto os olhos postos nos fulgores das labaredas vai-se sentindo o ardor do fumo e choramos…pelo fumo ardente, pelo tormento da dor profunda de uma saudade sem dimensão… que mais se sente quando nos fazem senti-la.

Como o ódio nos transforma!... Como é detestável os que jogam no “faz de conta”, querendo parecer o que não é, e, pontapeando sentimentos, como se jogassem futebol nos destroem … Agridem com palavras de incomensurável significado fazendo-se despercebidos do mal que estão a causar… Como se pode viver ignorando a vida… É um contra “natura” absoluto; é renegar a existência fingindo existir, só por existir…

O ilícito não é todavia o que nos fazem crer, mas o que sentimos e que cremos com toda a licitude… porque se não sentirmos, como poderemos fazer julgamento do que é lícito ou ilícito? E como se pode condenar por ilegalidade uma consequência de um fervoroso amar espiritual, se a psique vive de pulsões, quer sejam de vida ou de morte, de emoções e muitas contradições e está guardada numa caixa que se chama corpo e a sua satisfação se transfere para esta caixa? …

O pensamento, o sonho são luta constante entre as partes materiais e imateriais de cada um de nós, transportando-nos ao que não se consegue perceber, mesmo investigando ao mais profundo da raiz do facto, que mesmo não consumado fisicamente, é-o numa mescla de pensamento dolorido e num orgasmo imaginário e devastador, num misto de beleza e de prazer … porque para o prazer ser prazer, há que ter beleza, encantamento e que toda a imaterialidade de cada um de nós seja um enleio de ternura e compreensão, numa entrega plena, incondicional e abnegada…





02.04.05

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