domingo, outubro 09, 2005

LAIVOS DE PENSAMENTO


Acinzentada a manhã deste sábado, deixa-me numa angústia sem explicação e a instabilidade emocional instalou-se como se fizesse parte de mim. Pergunto-me porquê toda esta inconsistência emocional, quando nada me devia induzir a um tal estado, depois de me ter decidido a que qualquer sentimento que me entristecesse, seria banido impiedosamente.

Esta introdução tanto poderia ser mais uma folha do meu Diário, como uma das minhas cartas à minha amiga que amanhã completará mais um mês de ausência do meu convívio…

Quando aquele raio se sol entrou pela sala, reflectindo-se em mim e depois se refractou ao meu redor, idealizei o mais belo sonho de amor, que não ousara sonhar antes…

Conforme escrevi em outras épocas, escreverei hoje, que a desilusão é o meu dilema…Sempre sonhei. Creio que sempre sonharei… um rosto liso, uma boca doce…uns sentimentos nobres e muito sinceros…e sobretudo muito amor…

Mas o sol voltou a esconder-se e tudo escureceu…tudo não passou de ilusão. Tudo não foi mais do que fruto da minha imaginação…

E que imaginação!…

As cores definidas pela luz do sol esbateram-se e do cinzento que me rodeia, apenas umas sombras mal definidas se acentuam ao longe…aquela saudade…a saudade de quem nunca me iludiria, se a grande sombra do fim não a tivesse levado para o infinito espaço do pensamento…

As pessoas importantes partem…ou mudam de residência… partem sempre para não voltar… e a saudade fica para nos mortificar…

Que maravilhoso seria fechar os olhos e voltar a escutar uma frase que me emocionava sempre…”como gosto de ti…” como não houvera de ter saudade de tanta sinceridade…de tão puro e simples mostrar que tinha um significado, que existia para o pensamento de alguém…Como seria maravilhoso dobrar a esquina daquela rua e sentir que me pegavam na mão e um beijo doce era a despedida, para quando não sabia quando, nos veríamos de novo…que belos anos quinze de uma bela adolescência, cheia de poesia e ideais…que nunca viriam a existir…

Amigos do além! Quereis ao menos uma vez transmitir aos amigos do aquém quão carente me sinto de belos momentos, momentos só meus, só para mim, sem interferência dos vossos outros amigos…como faziam…Quão importante seria que os amigos do aquém aprendessem a dizer quanto me amam, como me amavam vós… quanto mostravam que precisavam de mim…mas transmitam também, que não devem partir, para que não fique ainda mais só…

Agora, envolta neste cinzento, apenas revivo uma saudade que cresce a cada tentativa de encontrar o lado de lá do monte, num dia solarento…

São palavras…apenas palavras de mais um dos meus escritos em louvor de uma saudade imensa, sem que nada nem ninguém tenha conseguido ainda esbatê-la do meu ser…São laivos do meu pensamento são tiras de uma demência que vai globalizando todo o meu ser…São mutilações ao Id, que o superego provoca sem solucionar as consequências…

08.10.05

2 comentários:

GNM disse...

Escreves muito bem...
Gostei de te ler!

Tambem a chuva pode ser bela!

Bom resto de Domingo...

Anónimo disse...

Também gosto de ler as coisas que escreve :)
Uma linda semana minha amiga!
Bjos...