quinta-feira, janeiro 15, 2009

A HISTÓRIA DE MAGDA (continuação)

Magda foi para uma escola particular, na zona histórica de Lisboa. Disse que o nome da escola era “Externato Esperança” e era só para meninas.

A Directora, a Senhora Dona Aurora, era uma senhora de idade avançada, de porte imponente e autoritário, com um carrapito de farta cabeleira grisalha, no alto da cabeça, fazendo-a parecer ainda mais alta aos olhos de Magda e possivelmente, aos das outras crianças.

A irmã da senhora dona Aurora, a senhora dona Beatriz, ao contrário, era baixa, nem magra nem gorda e usava o cabelo, que também era grisalho, cortado e com permanente. Ensinava numa das salas e fazia os trabalhos de secretaria.

Tanto a Senhora Dona Aurora como a irmã, vestiam invariavelmente de preto ou preto e branco, o que lhes emprestava uma aparência ainda mais austera.

Magda entrou na escola pela primeira vez, com a sua bata branca muito engomada e com duas tranças caídas de cada lado da cara. Apertava a mão da mãe com força, para receber a confiança que só as mães sabem transmitir. Mas chorou sentida, quando perdeu de vista a mãe, que passara o grande portal tão rapidamente.

Mais uma vez Magda levantou os olhos e com um “não estou a ser incómoda?”, respirou fundo e prosseguiu.

Magda começou por ter cadernos de papel de vinte e cinco linhas, cortados ao meio, com uma capa de papel ao maço liso, onde o pai fazia um desenho, de acordo com o que Magda pedia. E começou por ter um Livro de Leitura para a primeira classe e uma Tabuada.

A mãe também lhe comprou a Cartilha João de Deus, para a ajudar em casa, porque embora já antiquado, este livro, dizia a avó e a mãe, ensinava muito bem.

No livro de leitura, com muitos bonecos coloridos, aprendeu o A,E,I,O,U. Na Tabuada, os números até dez.


(continua)

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