sábado, janeiro 17, 2009

A HISTÓRIA DE MAGDA (continuação)

Magda sentia-se apoiada na Menina Belmira porque era uma senhora muito mais nova do que a Directora e a irmã desta e não a assustava, porque era meiga e simpática. Era ela que lhe secava as lágrimas, quando Magda, cheia de saudades da mãe e da avó, desatava num pranto sentido. Como podem os adultos ser tão insensíveis para com a sensibilidade das crianças, pensava Magda, relativamente à Directora da escola.

Magda passou assim os primeiros meses na escola, na então denominada Primeira Classe.

A sala de aula era ampla e arejada por três grandes janelas com varandas, mas das quais, as alunas não podiam aproximar-se. A porta da sala de aulas era meia envidraçada, com vidros baços, onde havia, lapidados, uns ramos de flores. As paredes pintadas de cal branca, apenas tinham na parede lateral, oposta às janelas, duas grandes fotografias em molduras de madeira encerada em castanho-escuro: a do Presidente da República e a do Presidente do Conselho. Por cima do quadro preto, havia uma cruz, com um Cristo crucificado. Do lado esquerdo do quadro e direito das alunas, estavam pendurados uns quantos mapas, uns sobre os outros, sendo o primeiro o mapa de Portugal Continental, onde se observava as serras em diversas tonalidades de castanhos ou verdes, conforme a vegetação ou a falta desta e os cursos de água, onde saltava à vista os rios Douro, Tejo e Guadiana.

Não era permitido sujar as paredes, pois era falta de educação, perante as imagens expostas e a Directora da escola.

Mais tarde, Magda aprendeu que para respeitar os outros, teria de se respeitar a si própria, por isso, o não sujar as paredes era, sobretudo, por respeito a si própria.

E veio o Natal.


(continua)

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