Acabaram-se as leituras. Acabaram os falsos conceitos. Acabaram todas as ilusões. Acabou o momento. Acabou o tempo! Sem tempo para jogar, sem tempo para iludir. Estou sem tempo…O meu tempo expiro!
Interpretar jogos de palavras como quem joga o “scrabble”, não me proporciona qualquer tipo de preenchimento espiritual. Contrariamente, sinto que todo o balancear de palavreados lançados como quem deita o papagaio de papel ao vento, teve a sua época áurea, mas já não diz nada. Tudo é um ror de maquiavelismos torturantes, para triturar a sensibilidade de quem, sofredor de amores defuntos, idealizava uma mente forte para apoio de caminhadas cambaleantes, por veredas sinuosas em arribas abruptas de escarpas suicidas.
Acabaram-se as loucas ilusões. Acabaram as esperas desesperantes, sempre em vão…
Acabou o inolvidável momento que durou o espaço de um suspiro. Acabou a música duma orquestra sem músicos… Acabou a silenciosa canção, sem ritmo, sem voz, sem som…
Acabei! Fim do último acto de uma peça de teatro que nem começou, porque não teve actores. Não teve contra-mestre… nem as pancadas de Molière se ouviram, porque não podia subir o pano… porque não havia texto, porque não havia guarda-roupa…porque nada existia…
Acabei. Acabei sem ter começado. Acabei sem saber o que começar e porquê iria começar fosse o que fosse… simplesmente acabei. Acabei comigo própria… auto destruí-me… porque nem sabia como me iniciar…
Acabei! E ao acabar deixei que tudo acabasse à minha volta. Destruí tudo! Destruí o que escrevera, porque não era para ser lido. Não podia ser lido porque não tinha significado… Não era para ninguém ler, porque não podia ter ninguém a quem dedicar o que escrevia… Foi tudo, sempre tudo, um amontoado de nadas… E eu não fui nada…não signifiquei nada…e destruí o nada… e não sendo nada, e não sendo para ninguém, só o acabar se justificava…
Acabei sem adeus. Acabei sem um olhar. Acabei sem um último suspiro… apenas acabei…
03.06.05
sábado, junho 04, 2005
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