Apetecia-me ter vinte anos! Vinte anos, com mais quarenta de experiência, com mais trinta de loucuras e uma eternidade, para dizer como te amo!
Apetecia-me ter a ternura de um pássaro acabando de sair do ovo. Ter a leveza de uma bola de sabão, o sorriso de uma gueixa e o corpo de uma sedutora sereia de voz envolvente e escamas brilhantes e hipnotizantes…
Apetecia-me ser a dona de todos os teus pensamentos. Apetecia-me ser a senhora de todos os teus desejos… enfim… apetecia-me deixar-me envolver em teus braços, num gesto de plena ternura, de abandono, sem quaisquer senão a não ser o de gravar para todo o sempre o teu murmurar delicado, entre suspiros de deleite e sussurros de prazer…
Apetecia-me que de entre a penumbra da hora crepuscular, sobressaísse o teu olhar carinhoso, como se esse olhar fossem torrentes de beijos ternos e apaixonados…
Apetecia-me estar envolvida entre farrapos de nuvens brancas, com o teu olhar preso no meu, sem que as palavras fossem o impedimento de transmissão do amor que te dedico…
Apetecia-me prolongar o momento dos momentos, num gemido eloquente de paixão e que na fuga do tempo jamais disséssemos adeus… mesmo sabendo que nem sentes o mesmo que eu…
Apetecia-me gritar, no último grito que me resta, que foste o meu momento, o mais belo momento antes do momento acabar…
E com esta Morte tão bela, quem poderia dizer-lhe que não?... por isso, num afago de ternura, eis que me deixo envolver como me apetecia… e parto para o desconhecido, apaixonada pela única razão que soube perceber o quanto sei amar…
02.06.05
sexta-feira, junho 03, 2005
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