domingo, maio 29, 2005

QUE MELODIA!

Embalada nos teus braços, vou rodopiando sala fora, como nos contos das princesas e dos príncipes. A sala é enorme! A orquestra de violinos, em uníssono, toca a bela melodia, tema do filme “Love Story”.

Mil velas dão uma tonalidade pálida ao brilho dos espelhos. O mármore róseo do chão, brilhante como um diamante, ajuda-nos a deslizar, num ondear suave, envolvente, celestial…

Como se imagina o que se quer, quando se está a ser protagonista de um sonho de amor…

Por momentos a imaginação foi a mais bela realidade.

A nossa sala não passou de ser o anfiteatro de química do Liceu…

O som da música não foi senão o som do bico de Busen que fazia ferver um líquido aquoso, dentro de um balão, com um preparado qualquer, para a aula que seguia…

Íamos a caminho da sala de professores, quando me agarraste no braço e me segredaste, que aquela melodia não dava para resistir…

Como foi delicioso aquele intervalo! Nunca dançara uma melodia tão suave… Foi tudo num sem tempo maravilhoso… como ousamos!

Com os livros debaixo do braço, com a cara sarapintada do pó de giz, com um olhar de soslaio para a porta, com o ouvido afinado para o toque da campainha para a entrada, que deveria soar a qualquer momento… mas que maravilha…

Recordo bem o ar de espanto do nosso colega Aníbal, perguntando o que estávamos a fazer no anfiteatro. E como lhe explicaste que um aluno te tinha pedido para vires buscar os trabalhos de desenho, que me tinham sido entregues, para que os classificasses e depois os deixasse naquela sala onde teria aula mais tarde…

Como é bom ouvir a melodia que nos transporta ao sonho irrealizável dos factos impossíveis de reviver…



28.05.05

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