sexta-feira, maio 06, 2005

ABRIL!...

Abril é Primavera. É doce botão de rosa que abre lentamente com o calor do sol que dia a dia é mais brilhante e quente.

Abril em Portugal!...
Primavera no país encantado, onde o sol brilha livremente, sem sombras de grandes arranha-céus. Onde nas vielas estreitinhas, da velha Lisboa, se ouvem de quando em quando, nas manhãs primaveris o apregoar de um peixe fresquinho, duma hortaliça viçosa. Restos dos tradicionais pregões da cidade. Como é bonita Lisboa na Primavera! Como ela é sempre bonita!

No Bairro Alto, uma varina corre com a canastra à cabeça. Atrás dela, aqui e além, aparece uma nesga do sol que a persegue logo ao nascer. Um gato preto corre, salta e de telhado em telhado, procura algo para comer.

Em cada janela um vaso de flores; uma roupa branquinha que seca; uma velhota de preto que chama o padeiro…

Há alegria. O sol de primavera enche os corações de esperança.

Ao entardecer, bandos de andorinhas chilreando, voam desenhando curvas sinuosas e vão para os seus ninhos nos beirais dos telhados velhinhos. São tão encantadoras as andorinhas! Trazem alegria, anunciam a Primavera.

Lá em baixo, o Tejo sempre belo, no seu balançar constante, admira a cidade.

Na Lisboa moderna, as cores suaves dos grandes imóveis atraem. Também há janelas floridas, cortinas garridas e gatinhos nas varandas.

Nas ruas, bastante largas, o movimento aumenta. As esplanadas, à noite, começam a encher-se. Nos jardins, crianças brincam alegremente. É Primavera!

Paira no ar o suave perfume das flores.

No Chiado, violeteiras, com cestinhos na mão, perguntam a quem passa, se desejam um raminho, na atmosfera vai ficando o doce perfume das violetas…

Quando o sol declina, à hora do crepúsculo, o movimento aumenta. No cais os trabalhadores aglomeram-se. Todos procuram chegar a casa mais cedo. A suave brisa do Tejo acaricia as faces de quem passa. O cheiro a maresia abre o apetite. Correm costureirinhas, serralheiros, “magalas”: vão apanhar o cacilheiro.

A cidade acende suas luzes. É belo! Parecem estrelas cintilando em cada janela…

E quando a lua sobe, há quem pense a meia voz: “Estamos em Abril. É Primavera!”


“escrito em 1961”

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