sexta-feira, maio 13, 2005

Não em Maio!

As conversas ao telemóvel cruzam-se com as conversas vivas, entre os passageiros do comboio.

Risos, inconveniências, irreverências, são um todo que se mistura e confunde nos meus sentidos. O eu e eu, aqui sentados estamos! Vendo o caminho em recuo, uma vez que gosto de me sentar nos bancos de recuo…

E se levanto os olhos e revejo a paisagem passante, vejo-te entre os prédios, entre as árvores, reflectido no Tejo. Como gosto dos teus olhos!

Mas domina-me a insegurança do serei capaz?...

Ter medo é a característica básica, que me impede de tomar uma decisão definitiva: Dizer não!. O não ambíguo dito nestes últimos anos não foi suficientemente convincente para mostrar que não é não!

Essa insistência é como um pesadelo. Já não é só no sono, mas a cada instante… Essa persistência tornou-se doentia e assaz mortificante…

Não quis o brilhante, porque não troco nada.

Agora não quero o Audi. Não quero a viagem. Não quero absolutamente nada. Nada!

Amor não se compra. Carinho, ternura, amizade, não têm preço… Nada disso se compra!...

Não quero que os meus “eus” se sintam obrigados ao que quer que seja. Quero ser eu e apenas eu!

Quando a noite chegar e o céu ficar muito escuro, quero apenas ver os outros olhos, os olhos do além, que continuam, como as estrelas, a cintilar no meu horizonte…

E a verdade surpreendeu-me!... Como é atrevida a insistência… Nunca quis acreditar que sobrevoarias o covil onde me escondo…Mas podes acompanhar os pássaros da noite, podes tocar clarins, podes pôr todos os sinos a tanger, que sempre direi não…


12.05.05

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