Duas palavras!
Dois símbolos gravados para todo o sempre: Minha Amiga!
Um adeus que se esvai sem hesitação… Vão cortar o fio que me deixou todo este tempo na esperança de voltar a dar-te aquele abraço…
No dia que soube do acontecido escrevi-te assim:
… A tarde descai lentamente. Está frio porque sopra um ventinho atrevido. O Céu acinzentou. Tudo faz lembrar um fim de tarde tristonho. Como se tudo, de repente, chorasse a morte.
Passam pessoas: Elas, eles, criançada. Mas todos vão entristecidos como se lamentassem uma perda.
Não retenho mais as lágrimas que há horas já corriam interiormente. O vento fá-las ficarem frias e parece que tenho fios de gelo a escoarem pelas faces.
Nem por um minuto consigo deixar de pensar nos acontecimentos.
Vai escurecendo e cada vez mais frio eu vou sentindo. A tristeza que me invade é possivelmente a razão de todo este frio…
Como, como é possível? A minha amiga está desesperada…estamos!
Usada, desgastada e sem forças para qualquer luta, deixa-se num delírio de perdição… tanto que amou!...
Eu choro. Choro de raiva. Ódio, revolta, porque não admito que se use alguém desta maneira. Extorquir o quanto pôde chantageando a sua sensibilidade.
Num suspiro artificial vai ficar uma tão boa pessoa, até que o nem sei o quê a fará passar a um estado natural, de vida ou de morte.
Trocaria com ela! Sim, nada me retém sobre estes caminhos tortuosos e indefinidos. Trocaria com ela! Que serve este ter tão profundo sentimento, sentir tanta ternura e tanto amor? Espalhar tudo o que sinto por terras e vales, em cinza, como se fora pólen…
Trocaria com ela! Deixaria meu corpo definhar num fogo ateado, deixando que as cinzas incandescentes queimassem o que iria restar… Para que servem corpos vazios de ternura, sem o estremecimento desconhecido, apenas imaginado, seguido de um esvair de forças de prazer…
Trocaria com ela! Que já soube o que foi amar, que já gemeu de prazeres, que sonhou…embora com irrealidades…
Que ira! Que ódio! Que raiva! Como tudo está trocado!
E choro, choro porque sou impotente para o que quer que seja. Não tenho nada para dar, não tenho vida para trocar e já nem sei amar!...
… … …
E hoje, depois de saber que a máquina da vida vai ser desligada, choro torrentes de lágrimas nos meus interiores…não as posso derramar, porque ninguém entenderia… e nem um ombro amigo resta…parece que todos foram contigo…
Minha amiga Manuela! Não vou dizer que eras a melhor pessoa do mundo. Não vou proclamar que ensinavas como ninguém. Não vou repetir-te outra vez que desculpes o Abílio… afinal ele nunca prestou…Perdoa amiga!
Amiga! Tão jovem… não soubeste esperar que os anos te ensinassem o quanto custa perder um a um os amores da nossa vida… o gato, aquele copo de vidro amarelo… as cuecas de renda vermelha…o doce amante dos nossos sonhos…o colega que gostava de outros colegas…Amiga…com quem vou desfiar todo o meu rol de recordações?...
Amiga!...Amiga!... mesmo que grite já não me ouvirás mais…e mesmo que te queira contar o meu desespero pela razão da nossa última conversa…Não me ouvirás…nunca mais…
Adeus Amiga!!!
20.05.05
sábado, maio 21, 2005
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