quinta-feira, junho 23, 2005

MOMENTOS DO FIM

Vou a caminhar. Caminho sem parar. Caminho com os olhos postos numa distância incomensurável. Caminho em direcção ao além, sem nunca chegar. Procuro sem encontrar o que jamais idealizei… por cada rosto com que me cruzo vejo o teu e procuro aproximar-me e triste, reconheço que apenas tive uma miragem…

No lago do jardim pareceu-me ver o teu rosto. Que loucura! Apenas foi um ramo reflectido na água. Continuo a caminhar e sem parar pressinto que a sombra que me segue és tu, mas apenas umas folhas ressequidas deslizaram, empurradas pela brisa da tarde…

E pelos meus interiores jorram rios de lágrimas que não verto. Por todo o meu eu vai correndo uma dor sem limites e inexplicável. Continuo a caminhar e parece-me ver ao fundo da avenida o lugar aprazível onde te encontras. É o lugar nenhum, mas para onde corro quase desesperada… É isso! Corro para o lugar inexistente, para te procurar. Quero que guardes o que de mim resta, pois tu e só tu, poderás guardar o que restar de mim…a recordação de mim…nada mais do que a recordação…

Outro golpe de tristeza abateu sobre o tanto desespero que já sentia. Desmoronou-se o que restava, dos escombros restantes, desta estátua que fui… já apenas existem pequenos pedaços, um amontoado de destroços… O corpo que foi corpo, de cepo chamado, não respondeu… nada responde e tu, no infinito de uma avenida do lugar nenhum não és ninguém…

O grito que quis gritar afogou-se no turbulência da onda que se espraiou na praia do nunca e sem chegar a um destino…estou a chegar ao lugar nenhum, sem ninguém e o adeus perder-se-à num silêncio sepulcral… Sem ser nada, nada serei, porque nada fui…

22.06.05

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